Século XVII

1609

Desse ano, data uma descrição do Brasil, de autoria do sargento-mor, Diogo de Campos Moreno. Sobre a cidade Filipéia de Nossa Senhora das Neves registrou: ali havia “oitenta vizinhos brancos”, número que excluía alguns estratos da população; estava em formação uma rua com muitas “boas casas de pedra e cal” e outras de taipa, indicando que a cidade prometia ser um “lugar formoso” e bem assentado. Sobre as igrejas e mosteiros disse: o de São Francisco estava “muito bem acabado”, o do Carmo “que se vai fazendo” e o de São Bento “que se fabrica”, a Misericórdia “muito bem lavrada” e a igreja da sé, “mais pobre que todas”.

1610

Em 1610, foi aberto um largo, destinado a sediar o prédio da casa de câmara e cadeia, fato que demonstrava a importância da cidade pois, em geral, tal edificação compartilhava um único largo com a igreja matriz. Situado à margem da Rua Direita, este espaço público obedecia a regularidade observada na construção da malha urbana da cidade. No Largo da Câmara, também foi edificado o prédio do açougue e erguido o pelourinho.

1631 - 1634

Por sua posição estratégica e situação econômica privilegiada, a Paraíba era cobiçada pelos holandeses, que desde 1631 tentaram conquistar a capitania. Os ataques do inimigo obrigaram a sucessivas alterações e reforços do sistema defensivo da capitania constituído, principalmente, pelos fortes do Cabedelo, de Santo Antônio e a bateria da Ilha da Restinga. Em 1634 os holandeses investiram por duas vezes sobre a capitania e, por fim, tomaram a cidade Filipéia em dezembro daquele ano após renderem as referidas fortificações.

1639

Desse ano data uma descrição da cidade, feita por Elias Herckman, nomeado pelos holandeses para o governo da Paraíba. Ele relatou sobre os conventos, todos ainda inacabados, e outras três igrejas: a Matriz “uma obra que promete ser grandiosa”, mas estava arruinada; a Misericórdia que os portugueses utilizavam durante o domínio holandês, na falta da matriz; e a “simples capela com a denominação de São Gonçalo”, pertencente aos jesuítas. A cidade se estendia desta capela até o convento dos franciscanos, mas se achava “escassamente edificada e com muito terreno desocupado”.

1654

A 26 de Janeiro de 1654, foi assinado o acordo de capitulação dos holandeses, ocorrendo a retomada do poder português nas capitanias do Nordeste do Brasil até então ocupadas. Na Paraíba, quando João Fernandes Vieira chegou, em 1655, para assumir o governo da capitania, encontrou-a “completamente devastada pela guerra, pelo incêndio e pela seca dos últimos anos”, segundo relatou Maximiano Lopes Machado em seu livro História da Província da Paraíba.

1692

Foi executado pelo Capitão Manuel Francisco Grangeiro, um mapa esquemático de parte da cidade, com o objetivo de demarcar as terras pertencentes ao Mosteiro de São Bento. Abrangendo a área compreendida entre o Rio Sanhauá e a Rua Nova, é possível visualizar um pouco o estado em que estava o processo de formação da cidade nessa época. Observa-se que algumas ruas eram pouco habitadas, verificando-se apenas sequências de casas nas imediações do Varadouro e da cidade alta.

1697

Em documento datado deste ano, há referência à “igreja de Nossa Senhora do Rozario dos pretos” que estava em construção. Foi edificada por iniciativa dos negros que, sendo naturalmente segregados na sociedade colonial, se uniram para criar sua irmandade religiosa, com igreja própria. Estava localizada na parte “baixa” da Rua Direita, sítio considerado na época fora da área urbana.